domingo, 7 de outubro de 2012

A importância da Leitura



A importância da leitura

A prática da leitura torna-se presente nas nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspetivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contacto com um livro, enfim, em todos estes casos estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta.

A atividade de leitura não corresponde a uma simples descodificação de símbolos, mas significa, de facto, interpretar e compreender o que se lê. Sem dúvida que a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.

Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo.

Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio do mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff, cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são os seus olhos e qual é a sua visão do mundo.

A partir daí, podemos começar a refletir sobre o relacionamento do leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com a sua leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê e não, apenas, adotar uma atitude passiva relativamente ao que lê. Quando atende a essa necessidade, o leitor projeta-se no texto, levando para dentro dele toda sua vivência pessoal, com as suas emoções, expetativas, seus preconceitos etc. É por isso que consegue ser tocado pela leitura.

Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está a ler. Por isso esta atividade revela-se extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir as necessidades de um mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.

E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas da sua perceção. Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem renova-se constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada a sua visão do mundo e o seu horizonte de expetativas.

Desse modo, a leitura configura-se como um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.

Há, todavia, uma condição para que a leitura seja de facto prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura resume-se a simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um íman que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.

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