sexta-feira, 28 de dezembro de 2012




"Com a intenção de promover a leitura nas escolas de uma forma lúdica, o Plano Nacional de Leitura, em articulação com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e com a Rede das Bibliotecas Escolares, promove, no ano letivo de 2012 / 2013, a 7ª Edição do Concurso Nacional de Leitura." PNL

O concurso constará de uma prova escrita e, em caso de empate, de uma prova oral. O objetivo central deste concurso é estimular o treino da leitura e desenvolver competências de expressão escrita e oral junto dos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico.

O Concurso Nacional de Leitura decorrerá em três fases diferentes:

1ª Fase – Eliminatórias a realizar nas escolas

Decorrerá ao longo do 1º período escolar e nas duas primeiras semanas do 2º período.

Obras selecionadas para a 1ª Fase (Colégio de S. Mamede):

3º Ciclo do Ensino Básico:

-O Cavaleiro da Dinamarca de Sophia de Mello Breyner Andresen, Figueirinhas;

- O Conto da Ilha Desconhecida de José Saramago, Caminho;

 - O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry, Editorial Presença

2ª Fase – Finais Distritais a realizar nas Bibliotecas Municipais (DGLAB)

A 2ª Fase do Concurso Nacional de Leitura consiste nas Finais Distritais que são organizadas e realizadas pelas Bibliotecas Municipais designadas pela DGLAB e consistem numa prova pública para todos os apurados na fase eliminatória das escolas (1ª Fase). Tal prova, concebida e organizada pelo respetivo Júri Distrital, selecionará um (1) vencedor, em cada uma das duas categorias - 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário - que estarão presentes na Final Nacional.

 

3ª Fase – Final Nacional

A 3ª Fase do CNL corresponde à Final Nacional. Trata-se de uma prova pública, na qual participarão os dois concorrentes apurados nas Finais Distritais (por distrito, um de cada ciclo).


Consultas e apoios:


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mensagem de Natal, 2012


Mensagem de Natal

 
 
 
Todos os anos a esperança renova-se nos corações daqueles que acreditam num mundo melhor.

Que o espírito de Natal possa transformar pequenos sonhos em grandes realidades e que esteja sempre presente não só no coração, como também na alma de todos os que acreditam que, através da reflexão, partilha, solidariedade e amizade, seja possível fortalecer a união entre todos.

Um Feliz e Santo Natal e um Próspero Ano Novo são os votos da Direção Pedagógica do Colégio de São Mamede.

 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sarau de Natal, 2012


Sarau de Natal, 2012

 No dia 15 de dezembro decorreu o Sarau de Natal subordinado ao tema “Natal do Garrinchas”, que se realizou na Igreja Paroquial de S. Mamede, pelas 18h. Neste evento, a comunidade escolar teve o grato prazer de assistir a diversas atividades, dinamizadas pelos nossos alunos, alusivas a esta quadra festiva.

Seguem-se alguns poemas declamados pelos discentes no decorrer do Sarau.

 

O meu Natal


A noite de Natal. Em meu País, agora,
O que não vai até romper o dia, a aurora !
As mesas de jantar na cidade e na aldeia,
à luz das velas, ou à luz duma candeia,
Entre risadas de crianças e cristais
(De que me chegam até mim só ais, só ais !).
Dois milhões de almas e outros tantos corações,
Pondo de parte ódios, torturas, aflições,
Que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:
São todas em redor de uma toalha de linho !
                                                                              

                                                        António Nobre


Natal

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Fernando Pessoa

 


              Natal

Era o Natal ! Que alegria !
Que descantes ! Que bailar !
Que bom a mãe a abraçar
Filhos que há tanto não via .

Não houve sol nesse dia ?
À noite é um sol cada lar !
E os sinos a anunciar ...
-Menino Deus que nascia !-

Não é Deus o pai de todos ?
Mas, nessa hora, pelo modos
Era um filho pequenino !

Nasceu ... Silêncio. Afinal ,
Houve alguém, nesse Natal
A quem morrera o menino !

 

António Correia de Oliveira

 

A Noite de Natal

 

Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.

 

Mário de Sá-Carneiro

 


Poema de Natal

 

Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exata
nas mãos que não sabem de que cio

nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos

por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,

e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.

                                                                 Pedro Tamen

  

Prelúdio de Natal

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas.

David Mourão-Ferreira

 

  

Ao menino Jesus


Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.

Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

Os reis de longe trazem
Tesouros,incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.

Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.

 

Luísa Ducla Soares

 


 

Oração de Natal


 

Que neste Natal,
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma prece de paz.

Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma prece de amor.

Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma prece de perdão.

Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma prece de esperança.

Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma prece de alegria.

Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma prece de fé.

Obrigada Senhor 
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.

Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.

Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.

Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.

Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.

Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra.

 

 

Autor desconhecido.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Maria Inês Almeida e Joaquim Vieira visitam o "nosso" Colégio na próxima quarta-feira





 
OS AUTORES

Maria Inês Almeida é jornalista (Prémio Gazeta Revelação em 2005) e escritora dedicada à área infantojuvenil. Os seus títulos Sabes onde é que os teus pais se conheceram? e Quando eu for… Grande figuraram na lista “100 livros para o futuro” apresentada por Portugal na Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha de 2012, e o segundo foi um dos três nomeados para o prémio do melhor livro infantojuvenil da Sociedade Portuguesa de Autores em 2011. Tem um filho, José, nascido em 2008.

Joaquim Vieira é jornalista, ensaísta e documentarista, foi membro da direção de vários órgãos de informação (Expresso, RTP, Grande Reportagem) e Provedor do Leitor do Público. Entre muitos outros livros, assinou a série em 10 volumes Portugal Século XX – Crónica em Imagens (Círculo de Leitores) e dirigiu, para a mesma editora, uma coleção de 18 fotobiografias (de que escreveu os volumes sobre Salazar, Marcelo Caetano, Almada Negreiros e Benoliel) e Crónica de Ouro do Futebol Português (cinco volumes). Os seus mais recentes documentários intitularam-se Maior que o Pensamento (RTP1) e Os Mitos da República (RTP2). O seu trabalho foi reconhecido com diversos galardões. Tem dois filhos, nascidos em 1997 e 2004.

 

Maria Inês Almeida, jovem e premiada jornalista (Prémio Valorsul, Prémio Gazeta Revelação, do Clube de Jornalistas), tem uma obra já vasta de âmbito infantojuvenil. Talvez por isso esteja convicta de que «os jovens não precisam das lições dos adultos, mas sim de encontrar as suas». Joaquim Vieira, que, para além de Provedor do Público, foi jornalista do Expresso, da RTP, da Visão e da Grande Reportagem, entusiasmou-se com o desafio de escrever obras diferentes daquelas a que estava habituado. Pretende, «com o espírito das aventuras de antigamente, encontrar os impulsos das aventuras dos dias de hoje».

 

COLEÇÃO DUARTE E MARTA

 


A série de aventuras juvenis Duarte e Marta narra as peripécias de dois adolescentes, colegas de turma, que se lançam à descoberta de casos misteriosos. Atentos ao que se passa à sua volta e aos problemas de familiares, amigos ou conhecidos, em vez de ignorarem as dificuldades procuram enfrentá-las e ajudar a resolvê-las, já que os receios que possam ter são suplantados pela sua imensa curiosidade. Esta coleção é da autoria de Maria Inês Almeida e Joaquim Vieira, dois escritores de gerações diferentes que se aventuraram a trazer para os dias de hoje o espírito das histórias de segredo e intriga que têm marcado a juventude de todas as épocas.

 

MISTÉRIO NO PAVILHÃO DE PORTUGAL

Duarte e Marta encontram-se à saída de um concerto noturno de rock, próximo do Pavilhão de Portugal, e, quando reparam num vulto masculino que se movimenta sobre a cobertura do edifício, decidem investigar o que se passa. Começam assim uma movimentada aventura, e há um mistério que têm de resolver em menos de 24 horas. Será que vão conseguir?

 

AMEAÇA NO VALE DO DOURO

Convidados por um amigo a passar uns dias de férias no Porto, Duarte e Marta deparam, logo após a chegada, com a existência de uma ameaça: a destruição da vinha do vale do Douro pertencente à família do jovem. Viajam até à zona da vinha e põem em prática um plano para tentarem descobrir quem está por trás da manobra. Será que descobrem?

 

 

sábado, 17 de novembro de 2012

Personagens da obra "O Principezinho" - simbologia


O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry


É bom reler bons livros e lembrar as lições que aprendemos com eles. Nesta obra, tão peculiar, cada personagem tem algo a nos ensinar, algo que vou partilhar convosco.

                                               O Pequeno Príncipe



            Perplexo com as contradições dos adultos, o pequeno príncipe simboliza a esperança, o amor e a força inocente da infância que habita o nosso inconsciente. Extraordinário e misterioso, ele vive num planeta muito pequeno. Lá, um dia, apareceu uma flor.


O Piloto


“As pessoas grandes aconselharam-me a deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas.” Foi desencorajado, aos seis anos, pelos adultos que não reconheceram a sua sensibilidade artística e a sua capacidade de ver além das aparências. Mas anos depois, longe de todos, desenha a sua própria história. O piloto é a prova de que nunca é tarde para irmos atrás dos nossos sonhos.

                                                              A Rosa





“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”. Ela começou a crescer, parecia vir do nada. Ficou horas a arumar e a ajeitar as suas pétalas... E é linda! Mas também orgulhosa, caprichosa e contraditória. O pequeno príncipe apaixona-se e vive para atender aos seus caprichos: um lanchinho, o para-vento, uma redoma. Mas ela nunca está satisfeita e o nosso herói decide partir .Embora pareça contraditória, entre caprichos e sabedoria, a rosa é extremamente feminina e sedutora. Por isso, cativa o coração do principezinho.


O Rei



"É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar"É o primeiro dos “donos do mundo” que o pequeno príncipe encontra nas galáxias. O rei pensa que tudo e todos são seus súbditos e tem necessidade de controlá-los. Mas, com sabedoria, ensina-nos que cada um só pode dar aquilo que tem.



O Vaidoso


"Mas o vaidoso não ouviu. Os vaidosos só ouvem elogios." O vaidoso precisa da admiração de todos para comprovar o seu valor. Ele nos faz lembrar que precisamos reconhecer nossos próprios talentos e capacidades, e não depender de elogios dos outros para nos autoafirmar.



O Bêbado


“– Por que é que bebes? – Para esquecer. – Esquecer o quê? – Esquecer que eu tenho vergonha. – Vergonha de quê? – Vergonha de beber!” O bêbado tenta escapar da realidade por meio do álcool, mas não consegue escapar da vergonha de ser como é. O seu desabafo é um alerta contra todos os vícios.

O Homem de negócios

"– E de que te serve possuir as estrelas? – Serve-me para ser rico. –E para que te serve ser rico? – Para comprar outras estrelas, se alguém achar. Esse aí, disse o principezinho para si mesmo, raciocina um pouco como o bêbado." O homem de negócios está tão ocupado contando o que acumulou que não pode desfrutar da vida. O pequeno príncipe faz-nos ver que isso também é um vício. É preciso valorizar quem nós somos, e não o que temos.

O Acendedor de Lampiões


 "Aí é que está o drama! O planeta de ano em ano gira mais depressa, e o regulamento não muda!" Um bom homem cumpre o seu dever. Mas como ele mesmo diz, " É possível ser fiel e preguiçoso..."O universo está em constante evolução. O homem, as crenças e as relações humanas também. Mas o acendedor de lampiões não tem o bom senso de questionar as ordens e trabalha sem parar, mesmo sabendo que não vai chegar a lugar algum.



O Geógrafo


"É muito raro um oceano secar, é raro uma montanha mover-se...." O geógrafo sabe toda a teoria, mas não aplica seus conhecimentos. Nunca sai da sua mesa para explorar as descobertas. Como um bom burocrata, declara que isso é trabalho de outra pessoa. É ele quem recomenda ao pequeno príncipe que visite o planeta Terra. E deixa o principezinho abalado quando lhe conta que sua flor é efémera...

A Jiboia

"‘Por que é que um chapéu faria medo? ’[...] Desenhei então o interior da jiboia, para que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações." A jiboia desenhada pelo piloto quando criança é o ícone que nos ensina a ver além das aparências.


O astrónomo turco

 "Mas ninguém lhe dera crédito por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim."Os adultos, especialmente os sofisticados materialistas, julgam pelas aparências. Por isso, o astrónomo turco é desprezado pela comunidade científica até aparecer em elegantes roupas ocidentais.

A Raposa


 “Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas.” A sábia raposa ensina o pequeno príncipe a compartilhar. E explica-lhe que, apesar de existirem milhares de flores parecidas, a dele é única, e foi o tempo que ele lhe dedicou que a fez tão importante. Cativar quer dizer conquistar e requer responsabilidade. Responsabilidade por um amor, por um amigo, pelo talento que possuímos e pelo que conquistamos na nossa carreira profissional e pessoal. Seja responsável pelas suas conquistas. Valorize-se. Cuide do que cativou.


A Serpente



"Mas sou mais poderosa do que o dedo de um rei.” Embora fale sempre por enigmas, é a personagem mais franca de toda a história. Ela respeita o que é puro e verdadeiro.


O Carneiro e a caixa




"Desenha um carneiro para mim, por favor.” “Era assim mesmo que eu queria!”. Nada pode corresponder ao poder da nossa imaginação. Ela supera o conhecimento, pois não tem limites, e impulsiona-nos para novas descobertas.”Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer.”




No livro, a raposa ensina ao Pequeno Príncipe a importante lição de que as coisas só ganham sentido quando se conhece a amizade. O Pequeno Príncipe compreende que apesar de o mundo ter milhares de rosas, a rosa de seu planeta era única, pois somente ela era merecedora do seu amor e do seu afeto. É estranho conceber que o processo de individuação não esteja ligado única e exclusivamente ao próprio sujeito que busca este estágio, mas tornar-se indivíduo só é possível quando existe o outro. Não é possível ser único, se não for para alguém. Voltando à lição da raposa, ela diz: “o essencial é invisível aos olhos”. A individualidade faz-se nas pequenas coisas, nos detalhes que muitas vezes são esquecidos. É através do afeto direcionado ao objeto que faz com que ele se torne diferente dos demais objetos. Um jeito de sorrir, um pequeno defeito, ou mesmo uma mania apaixonante são os reais responsáveis por que o sujeito possa ser, então, considerado único. De contrário, sem estes atestados de afeto tão simples e quase impercetíveis, todo o resto seria desperdiçado e o indivíduo não passaria de mais um entre muitos. Como diz o Pequeno Príncipe, “o que torna belo o deserto é que ele esconde um poço nalgum lugar”. Quando ganhamos um presente, ele carrega o sorriso de quem o deu, a expetativa no desembrulhar. Se fosse somente o presente em si, este não seria nada além de uma casca. Poucos são os capazes de desfrutar destes pequenos detalhes, a maioria acaba acreditando que estas cascas são o conteúdo que buscam. Nunca encontrarão felicidade, viverão nessa eterna busca que não chega a lugar algum. Mas sobre isso, prefiro que o próprio Pequeno Príncipe dê seu conselho: “Os homens do teu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...”, “ E, no entanto, o que eles procuram poderia ser encontrado numa só rosa, ou num poço de água.”, “ Mas os olhos são cegos. É preciso ver com o coração.
Um fugaz ato, gesto ou palavra, podem alterar por completo o nosso destino e de todos os que nos rodeiam... para o bem ou para o mal.

Antoine de Saint-Exupéry


Antoine de Saint-Exupéry



Nasceu há cem anos, a 29 de junho, em Lyon, Antoine de Saint-Exupery, autor de "O Principezinho", o livro mais traduzido em todo o mundo, a par da Bíblia e de "O Capital", de Karl Marx. A sua morte, aos 44 anos, num acidente de aviação, ainda hoje permanece um mistério e adensou o mito à sua volta.
Órfão de tenra idade, Saint-Exupery desde cedo mostra apetência pelos aviões e fez o seu batizado de voo logo aos 12 anos. Com um aproveitamento irregular no Colégio de Jesuítas que frequentava, tenta a admissão à Escola Naval, mas não consegue, tendo então optado pela arquitetura. Faz o serviço militar em Estrasburgo, no 2º Regimento de Aviação, obtém um brevet, e sofre o primeiro acidente aéreo (seriam mais cinco, ao longo da sua vida, alguns bastante graves, tendo chegado a fraturar o crânio, teve uma comoção cerebral, fraturas múltiplas, ficou parcialmente paralisado no braço esquerdo).
Trabalha em várias companhias aéreas. O seu primeiro conto, "L'Aviateur" é publicado em 1926. "Courrier Sud", depois adaptado ao cinema, (Saint-Exupery dobrou ele próprio o ator principal nas cenas de voo) sai 2 anos mais tarde. Em 1931 publica o romance, "Vol de Nuit" ("Voo Noturno"), com prefácio de André Gide, a que é atribuído o prémio Femina. Um pouco à semelhança da sua vida, "Voo Noturno" mostra-nos um homem em que a coragem era tão natural que dela fazia pouco caso. Nesse mesmo ano casa-se com Consuelo Saucin. É repórter na Guerra Civil Espanhola em 1937 (como muitos outros intelectuais intervenientes do seu tempo, casos de Hemingway ou Orwell) e mobilizado como capitão em 1939, ano em que esboça "Le Petit prince" ("O Principezinho") e publica "Terre des Hommes" ("Terra dos Homens"). Desmobilizado no ano seguinte, passa um mês em Lisboa, de onde parte para Nova Iorque. Em 1942 sai "Pilote de Guerre" ("Piloto de Guerra"), que rapidamente se torna um best-seller. Em 1943 escreve e publica "Lettre à un Otage" e "O Principezinho". É promovido a comandante, mas restringem-lhe os voos devido à idade.
Depois de oito missões na Córsega, mais três do que aquelas que lhe haviam autorizado, em 1944, com a 2ª Grande Guerra quase a terminar, é dado como desaparecido no dia 31 de julho. Depois de ter descolado nessa manhã, desapareceu na imensidão azul celeste que tanto amara, numa derradeira missão sem regresso. Não se sabe ao certo o local da queda. Um pescador defendeu que foi na Baía de Cassis.
Em 1948 sai postumamente o seu romance "Citadelle" ("Cidadela"). A sua escrita encantou várias gerações. Como diz Urbano Tavares Rodrigues,«(Saint-Exupéry) soube transmitir-nos as grandezas dos espaços aéreos e dos silenciosos desertos, as sensações do piloto na carlinga do avião, a pequenez do homem e a sua capacidade de se superar frente ao perigo, perante o infinito ou nas mais duras circunstâncias, como por exemplo as dos náufragos em terra inóspita, despojados de tudo.»

"O Cavaleiro da Dinamarca"


O Cavaleiro da Dinamarca



O Cavaleiro da Dinamarca conta a história de um nobre dinamarquês que vivia naquele frio e gélido país do Norte da Europa. Numa noite de Natal, o Cavaleiro reunido com toda a sua família à volta da lareira, anunciou que tinha decidido partir em peregrinação até Jerusalém, na Terra Santa. A longa viagem, que começaria na primavera, não permitiria ao Cavaleiro passar o Natal seguinte, em casa. A mulher, os filhos e os criados, que muito o estimavam, ficaram muito tristes por essa longa ausência. Então, o Cavaleiro prometeu que, realizada a viagem, voltaria, dali a dois anos, a tempo da noite de Natal. O Cavaleiro partiu de barco.



Ao longo da sua viagem por várias terras, teve muitas experiências e aventuras, durante as quais lhe foram oferecidas riquezas e adquiriu conhecimento, ouvindo histórias e visitando lugares maravilhosos. Chegando a Jerusalém, rezou nos Jardim das Oliveiras, banhou-se nas margens do rio Jordão e passou a noite de Natal na gruta de Belém, demorando-se cerca de dois meses na Palestina. No regresso, conheceu um mercador de Veneza com quem fez amizade. Juntos visitaram as maravilhosas cidades do mar Mediterrâneo, entre as quais Jafa e Ravena, antes de chegarem a Veneza, onde


o Cavaleiro ficou hospedado, durante algum tempo, no palácio do mercador. O Cavaleiro deliciou-se com os muitos monumentos da linda cidade e com as mercadorias mais exóticas de todo o mundo que ali passavam. Um dia, num jantar entre amigos, o mercador contou-lhes a história de Jacob Orso e da sua pupila Vanina, com quem o tutor queria casar um dos seus familiares. Mas quis o destino que Vanina se apaixonasse, numa noite de lua cheia, por Guidobaldo, um capitão de um navio. Este, que passava de gôndola, vendo, durante algum tempo, Vanina pentear o seu longo cabelo dourado na varanda, elogiou-lhe a sua beleza. Em agradecimento, Vanina atirou-lhe o seu pente de marfim e, mais tarde, fugiram juntos num navio, rumo à felicidade. Passado alguns dias, o Cavaleiro decidiu partir e o mercador ofereceu-lhe um cavalo que o levou pelo Norte de Itália. Visitou Ferrara, Bolonha e Florença, onde



  
ficou hospedado em casa do banqueiro Averardo e onde escutou as maravilhosas histórias do pintor Giotto, do seu mestre Cimabué e a de Dante, e do amor deste por Beatriz, prematuramente falecida e que o poeta encontrou, em sonhos, no Paraíso.
Em seguida, o Cavaleiro tentou tomar um navio em Génova, mas ficou doente, antes de chegar a esta cidade, recolhendo-se num convento, onde foi tratado pelos monges com ervas e plantas naturais. Quando conseguiu chegar a Génova, já todos os barcos tinham partido.




O Cavaleiro decidiu então retomar, a cavalo, a sua viagem de regresso, em direção ao norte. Em Antuérpia, foi recebido por um banqueiro amigo de Averardo e, num jantar, conheceu um capitão que lhe mostrou três cofres: um, com pérolas, outro, com ouro, e outro, com pimenta, cofres trazidos de uma viagem da rota dos Portugueses pela África. No dia seguinte, o Cavaleiro, já muito atrasado, partiu a cavalo e, no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, chegou à região onde ficava a sua casa. Aqueceu-se na casa de uns lenhadores, na floresta e, quando já estava a anoitecer, partiu com intenção de cumprir a sua promessa. Mas o escuro e a neve, que entretanto tinham caído, apagaram todos os trilhos dos caminhos e o Cavaleiro perdeu-se.


Numa noite escura, onde apenas se distinguiam os olhos dos lobos e se ouvia o som de um urso que se aproximava, o Cavaleiro pediu aos animais uma trégua, naquele dia santo, e eles afastaram-se. Por isso, o Cavaleiro fechou os olhos e rezou a Deus. Quando os abriu, viu ao longe uma claridade que pensou ser uma fogueira feita por algum lenhador. Mais animado, prosseguiu a viagem e, ao aproximar-se, verificou que a claridade, que se tornava cada vez mais intensa, iluminava tudo à sua volta. Foi, então, que o Cavaleiro deparou, muito surpreendido, com a sua casa e com o grande pinheiro do seu jardim iluminado, que os anjos tinham enfeitado com milhares de estrelas para lhe mostrar o caminho. Foi assim que nasceu a tradição do pinheiro de Natal, decorado e iluminado, que a família do Cavaleiro, em memória daquela ajuda divina, passou a fazer todos os anos. Da Dinamarca, este costume espalhou-se para o resto do mundo.