Sarau de Natal, 2012
No dia 15 de dezembro decorreu o
Sarau de Natal subordinado ao tema “Natal do Garrinchas”, que se realizou na
Igreja Paroquial de S. Mamede, pelas 18h. Neste evento, a comunidade escolar
teve o grato prazer de assistir a diversas atividades, dinamizadas pelos nossos
alunos, alusivas a esta quadra festiva.
Seguem-se alguns poemas declamados pelos discentes no decorrer do Sarau.
O meu Natal
A noite de
Natal. Em meu País, agora,
O que não vai até romper o dia, a aurora !
As mesas de jantar na cidade e na aldeia,
à luz das velas, ou à luz duma candeia,
Entre risadas de crianças e cristais
(De que me chegam até mim só ais, só ais !).
Dois milhões de almas e outros tantos corações,
Pondo de parte ódios, torturas, aflições,
Que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:
São todas em redor de uma toalha de linho !
António Nobre
Natal
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa
Natal
Era o Natal ! Que alegria !
Que descantes ! Que bailar !
Que bom a mãe a abraçar
Filhos que há tanto não via .
Não houve sol nesse dia ?
À noite é um sol cada lar !
E os sinos a anunciar ...
-Menino Deus que nascia !-
Não é Deus o pai de todos ?
Mas, nessa hora, pelo modos
Era um filho pequenino !
Nasceu ... Silêncio. Afinal ,
Houve alguém, nesse Natal
A quem morrera o menino !
António Correia de Oliveira
A
Noite de Natal
Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.
– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.
Mário de Sá-Carneiro
Poema de Natal
Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exata
nas mãos que não sabem de que cio
nasceu esta semente;
mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros
cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra
são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.
Pedro Tamen
Prelúdio de Natal
Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas
Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas
a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas
A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas.
David Mourão-Ferreira
Ao menino Jesus
Hoje é dia
de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco
brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi
bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de
longe trazem
Tesouros,incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às
escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
Luísa Ducla Soares
Oração de Natal
Que neste Natal,
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma prece de paz.
Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma prece de amor.
Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma prece de perdão.
Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma prece de esperança.
Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma prece de alegria.
Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma prece de fé.
Obrigada Senhor
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.
Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.
Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.
Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.
Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.
Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra.
Autor desconhecido.